sábado, 28 de junho de 2008

Icebergs


Pois é, tem coisas nessa vida que simplesmente acontecem, foi assim com você, que aconteceu em minha vida. Você vive querendo entender os outros, mas confesso que eu também estou tentando te entender faz tempo. O que aprendi e gostaria de compartilhar com você é que as pessoas são como icebergs, o que nelas é visível, nem sempre mostra quem elas realmente são. Eu também acho que não era para ser assim, mas a vida não se apresenta diante de nós para pedir nossa opinião. Ela acontece, é inevitável. É como o tempo e a distância que separam os amigos e os amores, é como a lua que ao fim da noite foge dos nossos olhares para dar lugar a um novo dia. É como a sorte que teima em colocar os amores certos em destinos opostos. Tem coisas nessa louca vida que simplesmente acontecem. O que podemos fazer é aprender a levá-la da melhor forma possível. Se bem que isso você sabe muito bem fazer. Você veio ao mundo a passeio, não há como negar. É daquelas pessoas que funcionam melhor à noite do que de dia. Para você todo dia é dia de festa e poderia ser diferente? Pra mim você não é só impulsiva, é impossível! Mas devagar com o andor: a vida não é só festa, algodão doce e tigelas de açaí. É preciso encontrar o equilíbrio para não surtar com a dor, nem se embriagar com a alegria. Encontre esse equilíbrio e o mundo cairá aos seus pés. E não adianta tentar explicar, sei que você tem uma teoria pra tudo, o que conta mesmo é agir, nada de preguiça. Só assim você conseguirá alcançar seus objetivos, mas vá devagar, pois às vezes é tão distraída que poderá tropeçar neles sem se dar conta. E seja sempre você, independente do que digam ou do que deixem de dizer, seja sempre você. Assim, o pior que poderá acontecer é você deixar de ser um iceberg.

terça-feira, 24 de junho de 2008

A chuva


Estar vivo é antes de qualquer coisa assumir o risco e colher os frutos, sejam eles doces ou amargos, não importa. Vibramos com os acertos e podemos conviver com os erros, mas intragável mesmo é não fazer nada. É cruzar os braços diante da vida e das oportunidades que se apresentam diante de nós. No final de um ano bem vivido, ao menos algumas lágrimas deverão rolar pelo rosto, sejam elas de tristeza ou de alegria. Qual seria o valor da vida se não fossem as dificuldades que separam os homens de seus objetivos? Nem sempre se tem a coragem necessária de dar o passo à frente. Muitas vezes é mais fácil ficar parado e esperar que a chuva possa matar a sede. A menor possibilidade de erro ou falha já é o maior dos motivos para que não se tente. Mas que vida é essa? É possível que se dê com a cara na parede, mas se for assim, paciência. Se for para aguardar a chuva, que seja para disfarçar as lágrimas.

domingo, 22 de junho de 2008

Strogonoff


Minha amiga Fernanda e seu namorado, meu "irmão" Giuliano, estiveram aqui em casa para prestigiar meus dotes culinários. Eu não cozinho bem, mas gosto muito de fazê-lo e inventar algumas receitas é um grande divertimento para mim.
Meu maior desafio e acho que é assim também para muitas pessoas, é fazer o tal do arroz. Eu tinha muita dificuldade de fazê-lo ficar soltinho. Na verdade era uma grande loteria. Às vezes eu o fazia despretensiosamente e ele ficava maravilhoso. Outras vezes eu caprichava, mas o danado não cooperava. Foi então que descobri o “arroz parboilizado”. A princípio é um arroz comum, não há diferença nenhuma na aparência e no gosto, exceto pelo fato dele ser um pouco maior. Contudo, esse arroz tem uma propriedade que é fantástica: ele não “empapa” de jeito nenhum! Não há quem consiga fazê-lo empapar. Assim, fazer arroz para mim deixou de ser loteria e passou a integrar o rol de pratos que faço sem medo algum de dar errado.
É verdade que a história desse strogonoff que fiz para meus amigos é um pouco diferente, nesse dia, eu ainda não havia descoberto o tal arroz mágico, e por mais que eu tenha feito malabarismos, ele empapou. Acontece que a Fernanda gosta muito de arroz desse jeito e parece que gostou do prato, não posso dizer o mesmo do Giu, porque ele não é muito fã de arroz assim, mas para não me contrariar ele acabou elogiando. Fato é que a Fernanda fala muito desse prato que fiz, que ao contrário do arroz, ficou do meu agrado. Ela me pediu para enviar-lhe a receita e como eu tive que digitá-la, resolvi posta-la aqui no blog. Então, segue a receita do strogonoff com arroz empapado, para minha amiga Fernanda.
Antes que eu me esqueça, strogonoff é feito com carne, se alguém fizer um de frango, passa a ser chamado de fricassé (cultura inútil, mas...)


Receita do Strogonoff
Por “Chef” Helton Vieira

Ingredientes:
½ kg de contra filé
½ cebola
1 dente de alho
100g de champignon
3 colheres de azeite de oliva
¼ de um copo de rum, conhaque ou vinho branco
2 latas de creme de leite
2 tabletes de caldo de carne.
Sal ou tempero à gosto
Uma colher de catchup.

Modo de preparo:
Corte a carne em tirinhas e reserve. Dissolva os tabletes de caldo de carne em um copo e meio de água fervente.
Corte a cebola e o alho em pedaços bem pequenos e leve ao fogo com o azeite até dourar. Acrescente os champignons e mexa bem.
Acrescente a carne picada e deixe fritar (se for preciso adicione um pouquinho de óleo de soja para fritar) com um pouco de tempero ou sal ao seu gosto. Quando a carne começar a fritar (ela não pode ficar bem passada!) jogue o quarto de dose de conhaque e deixe o álcool evaporar (se quiser pode flambar), mexendo sempre. Acrescente o caldo de carne dissolvido em água e deixe ferver para reduzir. Desligue o fogo e acrescente o creme de leite. Mexa a te homogeneizar a mistura. Caso queira dar um pouco de “cor” acrescente uma colher de catchup (não é necessário, eu não gosto, mas muita gente acha legal a corzinha)
Sirva com arroz branco “empapado” e batata palha.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Thre little birds


Uma das formas de se promover, ou melhor, de se ‘posicionar’ um produto, é a associação que se faz dele com uma determinada música. Exemplo disso é um comercial que está sendo veiculado nas últimas semanas em várias emissoras de televisão. Trata-se da peça publicitária do novo Palio Adventure, cujo tema musical é “Three little birds”. Essa música foi composta por Bob Marley e tornou-se um clássico do reggae. A idéia por trás do bem produzido comercial é associar os atributos fora de estrada do carro à mensagem da música que diz algo como: não se preocupe com nada, tudo dará certo. É como se dissessem que o tal carro não te deixará na mão, mesmo que você se embrenhe por caminhos de difícil transito. Tal feito só é possível em razão do sistema de tração do veículo que bloqueia o efeito do diferencial. Complicado? Coisas de mecânica que não vem ao caso agora. O que interessa mesmo é esse artifício que os publicitários usam para “vender” uma idéia. É óbvio que se sua intenção é “fazer uma trilha” ou participar de um rally, esse não será o carro mais recomendado. Trata-se de um carro com tração 4x2, ou seja, apenas nas rodas dianteiras, o que faz dele tão off road quanto qualquer outro carro de passeio, mas o que vale mesmo é o appeal romântico que instiga o cidadão comum a se sentir um aventureiro. É o estereótipo do britânico que anda sempre com um guarda chuva na mão, sendo levado às últimas conseqüências: se um dia você se distrair e for parar em uma selva remota, fique tranqüilo, seu carro é equipado com apetrechos que poderão te levar de volta para casa. Eu realmente gostei da propaganda e acho que é válido usar esse artifício para promover o carro, mas pensando bem, esse é um dos clássicos exemplos de que nossas decisões de compra estão ligadas aos nossos mais profundos desejos. A necessidade motiva a compra, mas os desejos a condicionam. A necessidade de lavar as roupas existe e motiva a compra de sabão em pó, contudo, o desejo de harmonia, paz, serenidade, felicidade, nos condiciona a comprar a marca que vende essa idéia. Já reparou nos comerciais de sabão em pó? Mostram uma dona de casa moderna, bem vestida, cabelos e maquiagem impecáveis, colocando as roupas para lavar e indo brincar com os filhos ou estar com o marido. Não compramos um produto, mas a idéia de que ele poderá nos tornar uma pessoa melhor do somos. Ilusão? Talvez, mas como seria chata a vida sem elas. E se eu pudesse dar um conselho, ele seria: “don’t worry about a thing, cause every little thing, gonna be all right”.



This is a great music!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O problema, é o tal do somente...


Quem não gosta de música? Até hoje nunca conheci ou ouvi falar de alguém que não goste de música. Ela está presente em todos os momentos de nossas vidas. Para toda e qualquer situação temos uma que sempre combina. Sem ela a vida não teria o brilho que tem. É a linguagem universal de que falava Descartes. É um elemento de reafirmação da cultura de um povo, grupo ou tribo. Atravessa as fronteiras sociais, geográficas, econômicas e morais de nossa sociedade. Prova maior disso é ver pelas ruas um jovem de classe alta, em seu carro importado, com o som no mais alto volume, entoando um “funk” cantado por outro jovem, de classe baixa, morador de um aglomerado. Contudo, sou da opinião de que existem maçãs podres nesse cesto. Quando o assunto é música, o caráter subjetivo do “gosto” é, infelizmente, promotor de espetáculos grotescos. Muitos chamam de música o que para mim são apenas grunhidos de nossa herança primata. Convenhamos, há de se fazer justiça em se separar o joio do trigo, em se fazer a distinção entre a voz que ecoa de comunidades carentes, como um grito de protesto contra a repressão da sociedade capitalista e os grunhidos erotizados de uma pseudo musicalidade, incentivada e divulgada massivamente por grandes gravadoras, responsáveis pela banalização desse nosso bem tão precioso que é a música. Não sou contra quem escuta e gosta de “créus” e “pocotós”, mas fico imensamente preocupado com as crianças que desde pequeninas vem sendo bombardeadas com esses hits tão questionáveis. O problema não é ouvir essa ou aquela música, o problema é ouvir somente essa ou aquela música. Essa juventude não sabe quem foi Carlos Lyra, nunca ouviu falar em Francis Hime. Acha que Vinícius de Moraes é coisa de gente velha, ultrapassada e que Noel Rosa é personagem de filme, Pachelbel, então, deve ser nome de rua ou de doença. É triste ver a mulher que lutou tanto pelo direito à igualdade, achar o máximo ser chamada de “cachorra” ou “ordinária”. É mais triste ainda imaginar que somos nós que estamos cavando o túmulo onde serão enterrados de vez os valores de nossa sociedade, principalmente quando viramos as costas para essa realidade que bate à nossa porta. Quando deixamos de incutir em nossas crianças os princípios éticos e morais que regem o bem viver e o bem estar da sociedade. Devemos expor nossas crianças à boa música, à musica de qualidade e deixar que o mundo se encarregue de torná-la eclética, o problema é o “tal do somente”.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Do amor (e de tantas outras coisas)


Eu andava por um belo jardim. Os pássaros pareciam fazer um concerto, a alegre melodia embalava meu caminhar. Eu estava sozinho. Andava a passos largos, mas o caminho parecia não ter fim. Perto de mim havia um pequeno lago de águas transparentes. O dia estava claro, o céu azul e com poucas nuvens. Tudo parecia perfeito, mas eu não me sentia bem naquele lugar. Era como se algo estivesse faltando. Era como se um vazio insistente não se deixasse preencher pela luz do dia, nem pela leve brisa ou mesmo pelo som harmonioso da cantoria das aves. Uma amarga tristeza tomava conta do meu coração.
Acordei e percebi que estava sonhando, mas a vida sem o amor é bem semelhante a esse triste sonho. Uma multidão passa a não fazer companhia. A mais bela sinfonia não toca a alma. O calor do sol não aquece os ossos. Não há perfeição, não há alegria.
O amor é a própria essência de Deus, Ele é o amor. Mas há diversas faces para esse mesmo sentimento. Há o amor fraternal, o materno, o amor pela pátria, há o amor ao próximo, à vida, o amor à camisa. Mas uma dessas facetas é visceral, sente-se no âmago do nosso ser, sente-se na pele, na química de nossos corpos. É uma explosão de vida, é um grito, é uma sensação, uma idéia, beira a loucura. É o amor de um homem por uma mulher.
Agora que acordei e vi que tudo não passou de um sonho, um sentimento ainda se faz presente: o vazio.