terça-feira, 29 de julho de 2008

Aos trancos e barrancos.


Por muitas vezes você jogou indiretas, não satisfeita, digo, não conseguindo o que queria, resolveu sonoramente expressar sua indignação: “você já escreveu sobre muita gente, escreve para mim também”. Eu relutei muito, mas resolvi atender ao seu solene pedido. Minha relutância se justifica pela ambigüidade que representa sua presença na nossa breve história. Por muitas vezes eu fui tomado por uma vontade de esganá-la, esse sentimento, aliás, tem sido bem recorrente. Lembro-me de uma vez em que jogamos “banco imobiliário”: você me tirou do sério com seus palpites inoportunos. Maquiavelicamente, tentou jogar todos contra mim (e quase conseguiu). Já tivemos bate-bocas homéricos e talvez, se você fosse homem, até alguns sopapos já teríamos trocado. Contudo, inacreditavelmente continuamos amigos. Isso talvez se deva ao fato de que em todos os momentos em que eu mais estive fragilizado nos últimos anos, eu pude contar com seu apoio, sem sequer eu precisar pedir. Somos muito diferentes, é fato. Não ouso listar tais diferenças, prefiro pensar nas coisas em que combinamos. Partilhamos, entre outras coisas, o gosto pela leitura, pela comida italiana e japonesa, pelos números, principalmente os contábeis e também o senso de humor afiado. Tenho em você a minha mais fiel crítica. Sei que você não tem papas na língua quando o assunto é me criticar e, ao contrario do que possa parecer, é justamente essa a qualidade que mais gosto em nossa amizade: sua sinceridade. Tenho em você uma de minhas mais assíduas leitoras. Isso me motiva a escrever. E é assim, aos trancos e barrancos que construímos nossa história. Sinto-me muito orgulhoso de ser seu amigo e embora não deixe transparecer, eu ouço muito mais os seus conselhos do que você os meus, por isso, cabeça dura, obrigado por você existir!

P.S: Só para constar,na foto, você é a cadela e eu o gato!

As minhas putas tristes


Finalmente, depois de quase um ano, consegui terminar de ler “memórias de minhas putas tristes” de Gabriel García Márquez. Não que o livro seja ruim, pelo contrário, é um ótimo livro. Acontece que nos últimos dois anos, minha rotina tem me afastado dos pequenos prazeres, sendo a leitura um deles. Na verdade tenho lido muito, contudo, muito material técnico, que tem alimentado meu vício literário, mas não suprido minha ânsia por boas obras de ficção. Tanto que até ontem eu estava lendo, simultaneamente, três livros. Bom, o que gostaria mesmo de dizer é que finalmente consegui um tempinho para terminar o livro do García e que esse livro muito me fez pensar.
Para quem não conhece o título, trata-se de um belo romance, onde o protagonista, um velho de noventa anos, se envolve com uma adolescente. Tal envolvimento se deu em razão de seu aniversário. Ao entrar em sua nona década de vida ele resolveu dar-se um presente: uma noite com uma jovem e virgem prostituta. O interessante da relação dos dois é que nunca houve sexo, na verdade a jovem sequer o via, ela apenas dormia e ele a velava. Um autêntico caso de amor platônico.
Tal relação, que beirava a inocência, era repleta de percalços e reviravoltas, no bom e velho estilo de García. Senti-me o convidado de honra de uma viagem no tempo e no espaço. Mais do que isso, senti-me um confessor ou amigo intimo de uma personagem complexa e por isso mesmo, demasiadamente humana. Isso tudo me levou a pensar na minha vida, nas minhas aspirações e nos meus objetivos pessoais. Não no tocante à minha vida amorosa, mas sim no que diz respeito ao rumo que quero dar à minha existência. Na verdade já faz um tempinho que penso a cerca desse assunto, mas esse livro me lembrou de duas máximas das quais, infelizmente, não podemos escapar: A primeira é que a vida é curta, devemos vivê-la intensamente enquanto ainda resta alguma e a segunda é que, apesar de nunca ser tarde para recomeçar, o passar do tempo torna o recomeço cada vez mais difícil. Confesso que fiquei com um pouco de medo diante dessa realidade inequívoca. Não temo em dizer isso. Sou humano, sou passível de erros e sei que já não sou uma criança, já acumulei mais primaveras do que gostaria. O que tiro disso tudo é que o tempo é precioso. Assim, que eu viva mais e relute menos, que eu aja mais pense menos, que eu escreva mais e assista menos televisão, enfim, que eu faça mais dessas coisas que sempre decidimos fazer a partir ano novo e que esquecemos bem antes do carnaval.

domingo, 20 de julho de 2008

Devaneios a cerca do tempo


O tempo é algo realmente relativo. Quando perguntado sobre isso, Einstein disse que dependeria do referencial. Depende de como vemos e de como vivemos o tempo e o momento. Quando se está ao lado de uma companhia agradável, tomando suco de abacaxi e discutindo sobre cinema, pessoas, a vida, o tempo é crudelíssimo, voa. Já quando estamos sozinhos em casa, pensando na morte da bezerra, cada minuto é como se fosse uma hora.
Outro aspecto interessante é a viagem no tempo. Muitos dizem que ela é impossível. A física moderna discorda. Entendo que essa viagem, mentalmente, é mais do que possível. Voltamos ao exemplo acima. Ao se entrar no carro e sentir o perfume da companhia agradável da noite anterior, pode-se mentalmente, viajar no tempo e recordar quase fisicamente tudo que aconteceu. Ou ainda, pode-se viajar para o futuro e imaginar o que poderá acontecer, bastando conduzir adequadamente os acontecimentos, para que as situações passem de imaginação para futuro, propriamente dito.
Se dois relógios iguais forem sincronizados e dispostos em locais distintos, um em uma ponto qualquer da terra, e outro colocado em uma nave lançada ao espaço, caso a nave viaje na velocidade da luz por algum tempo, quando essa retornar à terra e os relógios confrontados, poderá ser constatado que o relógio que ficou na terra estará adiantado em relação ao que viajou no espaço.
Fato é que o tempo tem acelerado nos últimos anos, pelo menos na minha percepção. Nunca temos tempo para nada. O dia já não é suficiente. Talvez se ele tivesse vinte e seis horas, nossa vida seria mais facil: uma hora a mais para trabalhar e uma outra hora a mais para dormir. Bom, nesse caso, pensando assim, vinte e oito seriam ideais: sobrariam mais duas horas para passar com as companhias agradáveis.

Tabacaria


Sou um otimista. Gosto de ver o lado bom das coisas, fatos e pessoas. Acredito que tudo tem um propósito, até mesmo as coisas ruins que acontecem conosco. Contraditoriamente, penso ser esse um de meus grandes defeitos. Fernando Pessoa, um de meus poetas prediletos, disse certa vez em um de seus célebres poemas:

“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

Como bom otimista, não vejo nessas palavras nada de niilista, muito antes pelo contrario (como sempre diz o querido Pe. Marco Túlio), penso que esses versos são a mais simplória tradução do que significa ser humano.
Reconhecer-se ‘nada’ é aceitar que diante de tudo, não somos muito, somos pó de estrelas. Do pó viemos e para ele retornaremos. Nossa existência é insignificante. Quando eu morrer, o sol continuará seu curso de nascente à poente, a terra ao redor dele, os pássaros continuarão a cantar, os carros a andar, as pessoas a viver. Nada irá mudar. Talvez ninguém se lembre de mim daqui a dez anos. Talvez apenas meia dúzia de pessoas se lembre de quem eu fui ou das coisas que fiz. E é aí que vem a parte boa da história: fora isso, “tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Pensando assim, sonhando com tudo que poderei realizar, principalmente sabendo e querendo não ser nada, volto-me para o outro. Deixo de ser nada para mim e passo a ser tudo na vida de outra pessoa, daquela meia dúzia que poderá lembrar-se de mim anos depois de minha partida. Isso é ser humano. Ser falível e mortal, mas capaz de realizar feitos e obras incríveis. Capaz de salvar vidas numa proporção muito maior do que apenas gerá-las. Muitas vezes, gestos aparentemente simples como um sorriso podem mudar o dia de uma pessoa. Talvez alguém se lembre de mim por eu tê-lo escutado e não pelas coisas que eu tenha dito. Não sei ao certo os motivos que farão de mim algo importante na vida do outro. Tenho a certeza de que eu não sou nada, nunca serei nada, não devo e nem posso querer ser nada, mas que tenho sonhos e que quero muito realizá-los. Quem sabe assim, daqui a dez ou vinte anos, alguém possa se lembrar de mim e dizer: ele pode não ter sido nada para os outros, mas significou muito pra mim. Terá valido a pena.

O que fazer?


Descobri cedo o que muitos levam uma vida inteira pra perceber: não há nada mais eficaz para resolver um problema do que não se render a ele. Parece simples, mas não é tão óbvio para a maioria das pessoas. O homem se limita, se encerra sem ver que a solução nunca anda distante do problema. Talvez seja uma questão de ponto de vista. Às vezes é preciso mudar a posição, ver o problema de outro ângulo. E por que não pedir conselhos, estudar uma nova abordagem, pensar fora do quadrado? Ninguém entra em uma corrida acreditando que vai perder. Até o mais humilde dos corredores tem, nem que seja bem pequeno, um fio de esperança. Ele diz que não, que os adversários são melhores, que sua preparação não foi suficiente, mas lá no fundo, bem no fundo, ele tem esperança de ganhar. Caso contrário, por que ele deveria correr afinal? Da mesma forma, quando diante de nós há um problema, uma situação dificultosa pela qual precisamos passar, mesmo que tudo e todos digam que não somos capazes ou que não temos condições, lá no fundo, bem no fundo, deveríamos ter o mesmo fio de esperança que tem o corredor. Nessa hora o mais importante é entender que sempre há um caminho, mesmo que ele não seja aparente. Também vale a grande máxima: “o que não tem remédio, remediado está”. Os que ainda não entenderam isso, fazem como aqueles que não correm, reconhecem sua posição de desvantagem e simplesmente desistem. Penso que essa autolimitação é uma das maiores mazelas da humanidade. Por quê? Simples, limitando-se, o homem deixa de crescer, deixa de realizar, deixa de viver. Edison tentou mais de mil vezes fazer a lâmpada elétrica funcionar, diante dos mil fracassos e da zombaria dos críticos ele disse: “Eu não fracassei nenhuma vez, apenas descobri mil motivos diferentes que impedem as lâmpadas de funcionar”. Imagine se ele tivesse desistido? Edison não se limitou. Diante de um problema ele persistiu e venceu. Essa abordagem não serve apenas para descrever os grandes feitos. Em nossa vida cotidiana deixamos de realizar, crescer, viver, Et cetera, por não nos sentirmos capazes de resolver problemas simples. Quando no primário, o maior problema da grande maioria das pessoas era resolver contas de multiplicação ou divisão. Os que enfrentaram esse problema de frente hoje “tiram de letra” integrais e derivadas, mas os que se limitaram, munidos de uma desculpa como “não sou bom com números” ou “detesto matemática”, não conseguem sobreviver sem uma calculadora eletrônica. Quando eu estava “tirando” minha carteira de motorista, eu tinha muita dificuldade em fazer balizas. Achava que era a coisa mais difícil do mundo! Hoje, as faço sem nem tomar conhecimento, mecanicamente como ditar a tabuada. Não é que eu seja um exímio motorista, mas que os problemas em nossas vidas assumem diferentes proporções, de acordo com a importância e com a maneira com a qual lidamos com eles. Desistir diante de um problema é a pior maneira de solucioná-lo. É reconhecer que chegamos ao limite de nossa capacidade e que é mais fácil conviver com ele (uma solução medíocre) do que purgá-lo de vez.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Seja voluntário!!!


Se o homem se preocupasse menos com seu umbigo e mais com o seu próximo, o mundo seria um lugar melhor para se viver!
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Muito além do Calypso...


Uma amiga, cansada de pedir-me o endereço eletrônico do blog, “jogou” no Google a frase “muito além da razão”. O resultado mais significativo foi uma música da banda Calypso com o mesmo nome. Não preciso nem dizer que fui alvo, injustamente, de chacotas e de estúrdias folganças por parte de minha “ex” amiga. Fato é que eu não sabia, até o fatídico momento, que existia tal ode à dor de cotovelo. Logo eu que repudio com veemência tal comportamento.
Após ler o bem intencionado conjunto de versos, eu cheguei a uma conclusão: o compositor foi felicíssimo ao escolher o nome da música. É realmente algo muito além da razão ou da compreensão humana, um sujeito que se dispõe a agir tal como o digníssimo protagonista da citada música. O mínimo que eu poderia fazer diante de tamanha coincidência é um pequeno comentário sobre essa obra prima do cancioneiro popular brasileiro. Os meus comentários seguem entre parênteses.

Muito além da razão

Coração tá em pedaços
Desde que você se foi (no mínimo o caboclo aprontou algo pra ser abandonado)
No vazio do meu quarto
Eu não sei o que é que eu faço
Com as lembranças de nó s dois (nota-se a latente obsessão)
(Até aqui tudo bem, um cara que deve ter feito besteira e foi abandonado pela namorada. Se não fosse a falta “do que fazer” do camarada, que não faz outra coisa a não ser ficar pensando na tal.)

Quando eu olho no espelho
Não me reconheço mais
E esses meus olhos vermelhos
Dessas noites sem dormir
Da falta que você me faz
(Vá lá, quem nunca sofreu por amor que atire a primeira pedra. Confesso que estou começando a sentir pena dele.)

Onde você está agora
Se eu pudesse imaginar (já dizia o velho ditado: mente vazia...)
Portugal ou Japão
Pra salvar meu coração
Eu iria te buscar (convenhamos, se o camarada tivesse dinheiro para ficar viajando para a Europa e para a Ásia... eu já ouvi muitos dizerem - não é minha opinião - que quem gosta de homem é homossexual, mulher gosta mesmo é de dinheiro, sei não... se bem que as mulheres retrucam: dizem que elas gostam de beleza interior - e os homens completam: por “beleza interior” leia-se fazendas, sítios e demais propriedades rurais – belas.)

Muito além do prazer
É o nosso amor (sem comentários)
Muito além da razão (concordo! Aliás, foi a única coisa sensata que o camarada disse até agora.)
Essa paixão
Solidão faz doer
Sou mais eu e você
Em um só coração
(blá, blá, blá,blá...)

Nunca é tarde demais
Pra recomeçar (é... até pode ser...)
Você tem que aprender
A perdoar (YES!!! Não falei que o cara tinha pisado no tomate!)
Se me der o prazer (Uai?! Ele não disse que o amor deles era muito mais do que o prazer?)
Vou mostrar pra você
Que ainda sei te amar
(Lindo! Eu, particularmente, acho que a tal moça deveria ir correndo! – para um lugar bem longe.)

Bom, brincadeiras à parte, o nome do blog não foi uma homenagem à música, nem à banda Calypso, na verdade, não tenho nada contra, bom, talvez algumas coisinhas, mas definitivamente eu não conhecia e respeito quem gosta. Assim, gostaria de deixar claro que foi uma brincadeira, afinal, só brincamos com aquilo ou com quem gostamos. (se bem que não sei se é o caso, mas...)