segunda-feira, 9 de junho de 2008

O problema, é o tal do somente...


Quem não gosta de música? Até hoje nunca conheci ou ouvi falar de alguém que não goste de música. Ela está presente em todos os momentos de nossas vidas. Para toda e qualquer situação temos uma que sempre combina. Sem ela a vida não teria o brilho que tem. É a linguagem universal de que falava Descartes. É um elemento de reafirmação da cultura de um povo, grupo ou tribo. Atravessa as fronteiras sociais, geográficas, econômicas e morais de nossa sociedade. Prova maior disso é ver pelas ruas um jovem de classe alta, em seu carro importado, com o som no mais alto volume, entoando um “funk” cantado por outro jovem, de classe baixa, morador de um aglomerado. Contudo, sou da opinião de que existem maçãs podres nesse cesto. Quando o assunto é música, o caráter subjetivo do “gosto” é, infelizmente, promotor de espetáculos grotescos. Muitos chamam de música o que para mim são apenas grunhidos de nossa herança primata. Convenhamos, há de se fazer justiça em se separar o joio do trigo, em se fazer a distinção entre a voz que ecoa de comunidades carentes, como um grito de protesto contra a repressão da sociedade capitalista e os grunhidos erotizados de uma pseudo musicalidade, incentivada e divulgada massivamente por grandes gravadoras, responsáveis pela banalização desse nosso bem tão precioso que é a música. Não sou contra quem escuta e gosta de “créus” e “pocotós”, mas fico imensamente preocupado com as crianças que desde pequeninas vem sendo bombardeadas com esses hits tão questionáveis. O problema não é ouvir essa ou aquela música, o problema é ouvir somente essa ou aquela música. Essa juventude não sabe quem foi Carlos Lyra, nunca ouviu falar em Francis Hime. Acha que Vinícius de Moraes é coisa de gente velha, ultrapassada e que Noel Rosa é personagem de filme, Pachelbel, então, deve ser nome de rua ou de doença. É triste ver a mulher que lutou tanto pelo direito à igualdade, achar o máximo ser chamada de “cachorra” ou “ordinária”. É mais triste ainda imaginar que somos nós que estamos cavando o túmulo onde serão enterrados de vez os valores de nossa sociedade, principalmente quando viramos as costas para essa realidade que bate à nossa porta. Quando deixamos de incutir em nossas crianças os princípios éticos e morais que regem o bem viver e o bem estar da sociedade. Devemos expor nossas crianças à boa música, à musica de qualidade e deixar que o mundo se encarregue de torná-la eclética, o problema é o “tal do somente”.

Um comentário:

Ju Souza disse...

Coincidência...
Essa semana Jabor falou alguma coisa sb "poluição cultural". Dizia q é tão perigosa como o efeito estufa...
Mas acho q abordou mais cinema...
Enfim, há quem goste, há quem odeie. Mas de vez em qdo ele acerta em cheio.