
Por muitas vezes você jogou indiretas, não satisfeita, digo, não conseguindo o que queria, resolveu sonoramente expressar sua indignação: “você já escreveu sobre muita gente, escreve para mim também”. Eu relutei muito, mas resolvi atender ao seu solene pedido. Minha relutância se justifica pela ambigüidade que representa sua presença na nossa breve história. Por muitas vezes eu fui tomado por uma vontade de esganá-la, esse sentimento, aliás, tem sido bem recorrente. Lembro-me de uma vez em que jogamos “banco imobiliário”: você me tirou do sério com seus palpites inoportunos. Maquiavelicamente, tentou jogar todos contra mim (e quase conseguiu). Já tivemos bate-bocas homéricos e talvez, se você fosse homem, até alguns sopapos já teríamos trocado. Contudo, inacreditavelmente continuamos amigos. Isso talvez se deva ao fato de que em todos os momentos em que eu mais estive fragilizado nos últimos anos, eu pude contar com seu apoio, sem sequer eu precisar pedir. Somos muito diferentes, é fato. Não ouso listar tais diferenças, prefiro pensar nas coisas em que combinamos. Partilhamos, entre outras coisas, o gosto pela leitura, pela comida italiana e japonesa, pelos números, principalmente os contábeis e também o senso de humor afiado. Tenho em você a minha mais fiel crítica. Sei que você não tem papas na língua quando o assunto é me criticar e, ao contrario do que possa parecer, é justamente essa a qualidade que mais gosto em nossa amizade: sua sinceridade. Tenho em você uma de minhas mais assíduas leitoras. Isso me motiva a escrever. E é assim, aos trancos e barrancos que construímos nossa história. Sinto-me muito orgulhoso de ser seu amigo e embora não deixe transparecer, eu ouço muito mais os seus conselhos do que você os meus, por isso, cabeça dura, obrigado por você existir!
P.S: Só para constar,na foto, você é a cadela e eu o gato!