terça-feira, 29 de julho de 2008

As minhas putas tristes


Finalmente, depois de quase um ano, consegui terminar de ler “memórias de minhas putas tristes” de Gabriel García Márquez. Não que o livro seja ruim, pelo contrário, é um ótimo livro. Acontece que nos últimos dois anos, minha rotina tem me afastado dos pequenos prazeres, sendo a leitura um deles. Na verdade tenho lido muito, contudo, muito material técnico, que tem alimentado meu vício literário, mas não suprido minha ânsia por boas obras de ficção. Tanto que até ontem eu estava lendo, simultaneamente, três livros. Bom, o que gostaria mesmo de dizer é que finalmente consegui um tempinho para terminar o livro do García e que esse livro muito me fez pensar.
Para quem não conhece o título, trata-se de um belo romance, onde o protagonista, um velho de noventa anos, se envolve com uma adolescente. Tal envolvimento se deu em razão de seu aniversário. Ao entrar em sua nona década de vida ele resolveu dar-se um presente: uma noite com uma jovem e virgem prostituta. O interessante da relação dos dois é que nunca houve sexo, na verdade a jovem sequer o via, ela apenas dormia e ele a velava. Um autêntico caso de amor platônico.
Tal relação, que beirava a inocência, era repleta de percalços e reviravoltas, no bom e velho estilo de García. Senti-me o convidado de honra de uma viagem no tempo e no espaço. Mais do que isso, senti-me um confessor ou amigo intimo de uma personagem complexa e por isso mesmo, demasiadamente humana. Isso tudo me levou a pensar na minha vida, nas minhas aspirações e nos meus objetivos pessoais. Não no tocante à minha vida amorosa, mas sim no que diz respeito ao rumo que quero dar à minha existência. Na verdade já faz um tempinho que penso a cerca desse assunto, mas esse livro me lembrou de duas máximas das quais, infelizmente, não podemos escapar: A primeira é que a vida é curta, devemos vivê-la intensamente enquanto ainda resta alguma e a segunda é que, apesar de nunca ser tarde para recomeçar, o passar do tempo torna o recomeço cada vez mais difícil. Confesso que fiquei com um pouco de medo diante dessa realidade inequívoca. Não temo em dizer isso. Sou humano, sou passível de erros e sei que já não sou uma criança, já acumulei mais primaveras do que gostaria. O que tiro disso tudo é que o tempo é precioso. Assim, que eu viva mais e relute menos, que eu aja mais pense menos, que eu escreva mais e assista menos televisão, enfim, que eu faça mais dessas coisas que sempre decidimos fazer a partir ano novo e que esquecemos bem antes do carnaval.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gabriel Garcia Marques é um escritor especial, quando lemos os livros dele pensamos: "que bosta é essa?? Esse cara é doido"". Mas no fim ficamos embasbacados com a capacidade dele de transformar histórias bobas em grandes histórias. Se você tiver oportunidade de ler um outro livro dele, escolha o Relato de Um naufrago, não é o livro mais famoso dele, talvez até o menos, mas foi o que mais gostei até hoje.

Um grande abraço

Elisa Lopes