quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A ordem do dia é abraçar os problemas!


O sobe e desce das bolsas, o medo geral de recessão global, a quebradeira de bancos e instituições financeiras, onde tudo isso vai parar? O pessimismo e o desespero são gerais.

Isso é um reflexo da crise financeira em que o planeta se encontra. Concordo com a maioria dos especialistas quando dizem que essa é uma crise mais de confiança do que de finanças. Há motivo para o pânico geral? Talvez. O grande problema é que o crédito é infinitamente superior aos recursos. Quer um exemplo?

Todos os meses chegam às nossas casas diversas cartas de bancos e administradoras de cartão de crédito informando-nos que ganhamos esse ou aquele valor em crédito. E o melhor (?), sem qualquer necessidade de comprovação de renda! Vamos supor que um indivíduo ganhe por mês um salário de R$1000,00. Somando-se todas as despesas e impostos que incidem sobre seu salário, sobram-lhe R$100,00. Dessa forma, podemos dizer que a capacidade de pagamento dele é R$100,00 e não R$1000,00. Contudo, esse indivíduo tem, hipoteticamente, dois cartões de crédito, cada um com limite de R$500,00. Por mais que essa pessoa tenha o cuidado de não gastar mais do que recebe, ele acaba utilizando o crédito do cartão em uma necessidade, e é aí que a porca passa gel no rabo! Teoricamente ele necessitaria economizar por 10 meses para pagar o crédito que ele tem em um mês apenas!

Como isso gerou a crise do sub-prime? Os americanos, animados com a valorização artificial de seus imóveis, utilizaram suas casas como garantia de crédito e pegaram emprestado nos bancos uma quantia muito superior ao valor real de seus imóveis. Enquanto a bolha crescia, a classe média americana se afundava até o pescoço nas hipotecas (financiamentos). Quando a bolha estourou, digo, quando a festa dos imóveis acabou, eles se viram sem a capacidade de saudar seus débitos com os bancos e esses, mesmo que viessem a tomar as casas postas como garantia pelos devedores, não poderiam com essas pagar o rombo que se apresentou diante deles. Bom, e o que aconteceu? A torneira do crédito foi abruptamente fechada. Quem se viu perdendo milhares ou milhões de dólares com a especulação imobiliária, teve que sacrificar seus investimentos em ações, principalmente em mercados emergentes, para capitalizar suas perdas.

Bom, então de onde tirar o dinheiro? Quer uma dica? É aí que entramos na história. A fuga de capitais fez despencar a bolsa de valores brasileira e, por conseguinte, elevou o valor da moeda norte americana. É bem simples. O americano que quiser investir no Brasil necessita trocar seu dinheiro, ou seja, vender os dólares e comprar reais. O que acontece? O dólar cai em relação ao real. Quando esse mesmo indivíduo tem que tirar seu rico dinheirinho do Brasil, ele precisa vender os reais que tem e recomprar dólares. E o que acontece? O preço do dólar dispara. É a lei da oferta e da procura. Muita gente querendo dólar, esse sobe.

Por mais bem preparado que esteja o Brasil, enfrentar uma crise dessas não é brincadeira. Sofreremos o impacto dela na economia real em breve. O que espero é que nossos governantes tenham o discernimento de agir preventivamente, reduzindo assim o impacto que a potencial recessão possa ter sobre nosso bolso.

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