terça-feira, 1 de abril de 2008

As palavras


Nietzsche disse certa vez que “o caminho para todas as coisas grandiosas passa pelo silêncio”.
Maria, mãe de Jesus, em seu doce silêncio mudou a história da humanidade.
Contudo, eu não vou falar de silêncio, mas das palavras.
Elas são como blocos brutos de granito. Antes que um escultor, através de sua arte, lhes dê vida, são apenas pedras.
Da mesma forma, as palavras estão por aí, a disposição de todos, até que alguém imprima nelas a sua personalidade, sua história de vida, suas dores, angústias, emoções, desilusões, alegrias e as arranje em uma forma. Há quem diga que elas são como tijolos que são usados para construir algo. Discordo completamente dessa forma parnasiana de ver as coisas. Não sou eu quem escolhe as palavras, são elas que me escolhem. Uma após outra, elas fluem pelos meus dedos e “de repente, não mais que de repente”, elas estão lá. Todas elas. Não tem volta. Não há com retira-las de um texto. Se assim o fizer, ele passa a ser outro, não mais o mesmo, mas um novo. É como tentar voltar no tempo. Não é diferente da palavra dita. Como reza o ditado, são três as coisas que nunca voltam atrás: a pedra depois de atirada, a palavra depois de proferida e a oportunidade depois de perdida. Mas também não é questão de sair por aí escrevendo um amontoado de letras sem sentido, o texto tem alma, como disse anteriormente elas perpassam o ser que as escreve, ele apenas contribui com sua identidade, seu esforço em transformá-las.
E as palavras são melindrosas, não se aninham à qualquer um. Você tem que tratá-las com carinho. Tem fazer as suas vontades e, talvez, elas resolvam dar o ar da graça. Do contrario, é como escrever uma bula de remédio. Concordo com o velho Nietzsche, o silêncio é parte do caminho, mas grandes feitos sem palavras para descrevê-los são como belas obras de arte encerradas em quartos escuros. Sem a luz, não há nada para se ver lá.

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