sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quem é o animal dessa história?


Eu fico triste ao constatar o quanto nós, seres humanos dotados de inteligência superior, somos mal educados. Hoje pela manhã, quando eu estava chegando ao trabalho, um cão estava atravessando uma avenida. O transito estava bem tranqüilo. Eu o vi e diminuí a velocidade do meu carro. Ele parou no meio da avenida e esperou eu passar. Temendo pela vida do animal e como não haviam carros vindo atrás de mim, parei para deixá-lo passar. “Entendendo” que eu estava dando passagem a ele, rapidamente atravessou a avenida. Cachorrinho inteligente não é mesmo? Bem, na verdade não é não. Ele apenas usou seu instinto: pressentiu o perigo, parou, como viu que não havia problema em passar ele rapidamente atravessou a rua, fugindo daquele lugar onde ele poderia se machucar. Isso me levou a pensar, digo, devanear... Alguns dias atrás eu estava no centro de Belo Horizonte parado em um cruzamento. Esse era demarcado com faixa e sinal de pedestres. O semáforo estava vermelho para mim e verde para os transeuntes. Eis que “der repente, não mais que de repente”, um rapaz inicia a travessia, já com o sinal de pedestres piscando em vermelho, avisando que estava prestes a fechar. O sinal abriu para mim. Eu mantive o carro parado, esperando que ele atravessasse. O rapaz viu que eu estava aguardando sua travessia e em um gesto de deboche, olhou para mim, diminuiu o rítimo das passadas e continuou calmamente. Era como se ele falasse: estou na faixa de pedestres, a preferência é minha, passe por cima se quiser! É óbvio que eu não queria que ele corresse, arriscando até tropeçar ou algo assim, não, eu esperava apenas que ele andasse normalmente, mas o que ele fez foi um ato descarado de desafio, de enfrentamento, de desrespeito ao próximo. Assim como ele, vários de nós esquecem a máxima que diz: “meu direito inicia onde termina o do meu próximo”. Deveríamos agir com mais educação, afinal, vivemos em sociedade, necessitamos uns dos outros a todo o momento! Basta reparar um pouco o nosso comportamento para ver o quanto somos mal educados, como necessitamos melhorar. Infelizmente a “lei de Gérson” prevalece na maioria dos casos. Sentimo-nos obrigados a levar vantagem em tudo. Seja impondo nossa soberana vontade aos que nos rodeiam ou colocando-nos acima de tudo e de todos. Eu poderia citar vários outros exemplos como: motoristas que estacionam ocupando duas vagas em uma rua ou estacionamento, pessoas que não dão o lugar a idosos, gestantes ou deficientes físicos em transporte coletivo, motoqueiros que fazem das vias urbanas um palco para um espetáculo grotesco repleto de imprudências. Diante desses fatos eu me lembro do pobre cão que, embora não seja dotado de inteligência, mas guiado pelo seu instinto, faz o que muitos seres humanos deixam de fazer. Daí eu me pergunto: quem é o animal dessa história?

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